Freud e seu estudo sobre a cocaína

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O pai da psicanálise, Sigmund Freud, desenvolveu um estudo sobre a cocaína. Ele foi um defensor de seu uso, dentro do contexto de sua época. Ele usou-a e receitou-a a alguns de seus pacientes.

Antes de seu banimento das prateleiras das farmácias, Freud realizou estudo sobre a cocaína. Essa substância, até o começo do século XX, era sintetizada por laboratórios. Dentre esses laboratórios está Merck e Parke-Davi. Além disso, ela era comercializada como tratamento para o vício da morfina. Substância esta então utilizada pela medicina e reconhecida pela ciência.

Freud usou e defendeu a cocaína?

Antes que a cocaína passasse a fazer parte do mercado clandestino, Freud foi um defensor de seu uso. Apesar de muitos criticarem seu estudo sobre a cocaína, ele é considerado como um pioneirismo. Isso porque Freud inseriu uma droga psicotrópica no campo da psiquiatria.

O próprio fato de Freud usar cocaína, principalmente antes de ela ser proibida, nunca foi algo que ele tenha escondido. Não obstante, ainda que Freud a denominasse como um medicamento, ele também nunca negou o potencial nocivo da cocaína.

Além disso, o seu uso e defesa do uso da cocaína, acabou  contribuindo para a proibição de seu uso.

É importante reforçar que este artigo não é uma apologia ao uso da cocaína.

O entusiasmo de Freud ocorreu logo no início da propagação do uso da cocaína, quando a indústria farmacêutica desenvolvia pesquisas que pareciam promissoras. Depois, seu princípio ativo ou os testes decorrentes passaram a integrar alguns medicamentos. Mas já sem a ampla gama de possibilidades terapêuticas que inicialmente se prenunciava.

Freud e seu estudo sobre a cocaína

Sigmund Freud foi um pesquisador do comportamento e da mente humana. Médico e também estudioso da fisiologia, ele procurou formas de tratar e curar doenças psíquicas. Freud foi um dos primeiros médicos a desenvolver um estudo sobre a cocaína e suas propriedades curativas:

  • No tratamento das neuroses, histerias, fobias etc.
  • Como estimulante, para casos como melancolia e o que hoje chamaríamos de depressão.
  • Como analgésico, para casos de dores físicas.

Freud, como resultado de seu estudo sobra a cocaína, escreveu vários artigos sobre o assunto. Ele procurou, principalmente, pontuar as suas qualidades antidepressivas. Ele não foi o único que defendeu o seu uso, tendo recebido influências, como a de seu amigo Wilhelm Fliess. Fliess recomendava o uso da cocaína para o tratamento da denominada “neurose nasal reflexa”. Fliess operou Freud e o nariz de vários de seus pacientes que ele acreditava sofrerem desse transtorno.

A paciente de Freud chamada de Emma Eckstein foi operada e a sua cirurgia foi desastrosa.

Freud receitou cocaína ao seu amigo Ernst von Fleischl-Marxow para ajudá-lo a superar o seu vício em morfina. O qual havia adquirido ao tratar uma doença do sistema nervoso.

Freud achava que a cocaína poderia ser usada para tratar diversos transtornos e sintomas psíquicos. Seu estudo sobre a cocaína resultou na publicação de um artigo científico intitulado “Sobre Coca” (Über Coca, em alemão). Esse artigo explicava as virtudes da cocaína e foi bem recebido.

Ao iniciar o seu estudo sobre a cocaína, Freud distribuiu-a para diversos de seus colegas. Alguns deles relataram ter tido sucesso com o seu uso. Outros já não relataram o mesmo, como no caso do médico e seu amigo, Josef Breuer. Que inclusive o influenciou em sua busca para o tratamento da histeria. Porém por meio de outras formas, como a análise.

As Experiências de Freud com a cocaína

Freud realizou diversas experiências com o uso da cocaína, voltadas para o tratamento de várias doenças. Dentre elas, não apenas doenças de fundo psíquico, mas também para tratar a diabetes, a hidrofobia e o enjoo marítimo. Freud, inclusive, obteve um resultado positivo ao usá-la para tratar o enjoo marítimo. Além disso, ele recebeu diversas congratulações por parte da comunidade médica pelo seu trabalho na área.

Entretanto, um dos fatores que intrigava Freud em seu estudo sobre cocaína e a sua utilização em seus pacientes era a irregularidade de seus efeitos. Isso por que os relatos de experiências com os pacientes divergiam bastante entre uns e outros. Isso acabou dificultando no emprego clínico da droga. Já que era difícil de quantificar os seus resultados e, assim, provar que ela seria eficaz.

Isso fez com que Freud procurasse indicar uma ação objetiva da utilização da cocaína, por meio de um método experimental. Método proposto em seu artigo seguinte, intitulado “Contribuição ao conhecimento da ação da cocaína”.

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    Em seu estudo sobre a cocaína desenvolvido nessa época, Freud utilizou o dinamômetro e o neuramebímetro. Assim coletando observações a respeito da capacidade muscular e da presteza das reações sob o efeito da cocaína. Tendo sido, inclusive, ele próprio, o seu objeto de estudo essa época. Além de outros pacientes.

    Como principais conclusões ele pontou que os efeitos da cocaína apenas se mostraram significativos em pacientes depressivos ou cansados. Provando, portanto, que a cocaína não tinha um efeito direto sobre o sistema neuromuscular. Sendo essas ações secundárias, advindas do bem-estar artificialmente causado pelo uso da cocaína.

    Leia Também:  Teoria da Representação no método psicanalítico

    Contribuições de seus estudos para a psiquiatria

    O estudo sobre a cocaína desenvolvido por Freud o coloca na história da psicofarmacologia ou farmacologia psiquiátrica. Sendo considerado como um de seus fundadores por muitos estudiosos.

    Dentre eles, Robert Byck, professor de farmacologia psiquiátrica.

    Ainda que tenha gerado controvérsias, as contribuições de Freud e seu estudo sobre a cocaína foram importantes para a psiquiatria. A cocaína foi retirada da medicina como droga terapêutica. O método rigoroso de pesquisa e os princípios da investigação de Freud sobre a cocaína são considerados como equivalentes. Inclusive pelo fato de que a busca por uma droga estimulante para tratar a melancolia tenha tido certa continuidade.

    Seu estudo sobre a cocaína e suas propriedades medicinais pode ser tomado como um exemplo da entrada da droga na história da ciência, enquanto objeto. Freud enfrentou muitas resistências no meio científico ao tentar mostrar que a planta coca não era uma planta divina. Dessa planta foi sintetizada a cocaína e Freud afirmou que ela se tratava de uma droga. Isso porque, num primeiro momento, os médicos teriam negado o seu efeito farmacológico, afirmando que se tratava de imaginário popular.

    Aos poucos, conforme a cocaína foi sendo introduzida como anestésico e como droga terapêutica, ela passou a fazer parte da medicina. Ainda que depois tenha sido banida como uso direto na maior parte dos países.

    Freud sempre teve consciência ao pregar o seu uso, dizendo que a cocaína poderia ser um remédio ou um veneno. Isto é, quando usada indevidamente, a cocaína poderia levar ao vício. Portanto, sendo importante a sua prescrição correta e controle quanto ao seu uso.

     

    One thought on “Freud e seu estudo sobre a cocaína

    1. Está tudo corretíssimo…Infelizmente aqui no Brasil o uso se tornou tão banalizado ..

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