Entendendo em detalhes o desenvolvimento psicossexual de Freud, explorando amplamente os conceitos da fase oral.

Fase Oral para Freud: definição, exemplos e fixação

Publicado em Publicado em Teoria da Psicologia

Vamos falar sobre o trabalho de Freud na construção da psicanálise. E o desenvolvimento psicossexual focado na fase oral para Freud.

Freud ao longo dos seus estudos de doenças nervosas, especificamente a neurose, durante o acompanhamento de pacientes histéricas e o aprofundamento nos métodos de hipnose, catártico e posteriormente a associação livre, foi desenhando e modelando o que futuramente seria a teoria psicanalítica.

A Relação das Neuroses com a Libido

Para cada trauma ou problema psicológico enfrentado na vida adulta do indivíduo, Freud correlacionava a um fato ou situação ocorridos na sua infância e justificava que a forma como este foi registrado no seu inconsciente é que gerava aquela reação no presente.

Porém a parte mais polêmica na teoria freudiana e que fez vários companheiros de profissão, colegas e parceiros de pesquisas e estudos, divergirem e muitas vezes seguirem caminhos diferentes do seu, foi que ele concentrou a chave dos problemas humanos em torno da energia sexual, da libido e como o indivíduo lidava com ela durante o seu desenvolvimento.

A Teoria do Desenvolvimento Psicossexual

Para entendermos a fase oral para Freud, precisamos compreender a teoria do desenvolvimento psicossexual. Freud considera que temos energia sexual e libido desde quando nascemos, e que nossa evolução está dividida em:

  • fase oral (do nascimento até cerca de dois anos),
  • fase anal (dos 2 anos até cerca de 3 anos),
  • fase fálica (dos 3 anos até os 5 ou 6 anos),
  • período de latência (vai geralmente dos 6 anos até o início da puberdade por volta dos 11 anos) e por fim a
  • fase genital (início da adolescência e segue a vida por diante).

Cada fase tem foco numa zona erógena, ou seja, área de prazer.

Na fase oral, a primeira fase da vida de uma pessoa e o foco deste trabalho, é a fase na qual o bebê está descobrindo a vida, não se reconhece ainda como um ser independente de sua mãe, não possui coordenação motora, não é independente e tem uma existência ainda bastante limitada.

Como o próprio nome já induz, a sua zona erógena é a boca, é o meio principal do bebê sentir prazer.

Etapas da Fase Oral para Freud

Esta fase é subdividida em fase passivo-receptivo onde o foco é a sucção e fase ativo-incorporativa onde o foco é oral canibalística. Para fins didáticos chamaremos de etapas para não confundir com as fases principais do desenvolvimento psicossexual.

Na etapa de sucção o bebê está numa posição passiva de receber, sua primeira experiência de prazer é com a amamentação, no seio da sua mãe, onde ele recebe o leite.

Fase passivo-receptivo

Ao mesmo tempo em que ele se alimenta, ele está em proximidade com sua mãe e isso lhe traz conforto, aconchego e conexão, por esta razão, muitas vezes mesmo após saciada a sua fome, o bebê continua a mamar, mas dali em diante por outro motivo e não mais o de sobrevivência e alimentação.

Nesta etapa ele começa a compreender a incorporação física, pois o leite entra nele pela boca e a incorporá-lo psiquicamente, ou seja, entender o processo mentalmente, que aquele líquido o alimenta, é o início de uma construção de compreensão de mundo a partir do básico.

A boca é a forma como o bebê nesta faixa etária interage com o mundo, então é comum levar tudo à boca, sendo um terror para as mães que vivem superatentas para que ele não engasgue, não consuma algo proibido ou se machuque.

Ainda na etapa com foco na sucção o bebê descobre prazer também na chupeta e em chupar o dedo, outros bons exemplos.

Fase ativo-incorporativa

Porém na etapa seguinte, a oral canibalística, o bebê deixa de ser passivo e passa a ser ativo, pois ele já consegue se movimentar, segurar e agarrar objetos, é a fase que os dentes já estão nascendo e ele descobre uma força “agressiva” em si.

Nesta etapa ele ainda não tem noção da força que emprega nas suas ações, muitas vezes de forma ainda bastante descoordenada, e por isso é uma etapa de muita atenção para os seus responsáveis.

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    É bastante comum o bebê querer dominar os objetos e por consequência, podem quebrá-los, amassar coisas, machucar o amiguinho, morder, empurrar, etc.

    Ponto de Fixação: a regressão ao trauma vivenciado

    Toda vivência e interação infantil terá um aprendizado para aquele ser em desenvolvimento e um registro psíquico equivalente. A fase oral é uma fase importante, onde há o início da construção do ego e da sua própria identidade.

    Quando essa vivência não acontece de forma “normal” ou satisfatória, ela cria um registro traumático no indivíduo e acontece a fixação dele nesta fase, que é uma espécie de permanência psíquica da pessoa naquela fase de desenvolvimento. Isso pode ocorrer:

    • seja por uma frustração ou
    • uma super gratificação vivida e que o adulto retornará quando estiver numa situação de dificuldade extrema e sem capacidade de elaborar o que está acontecendo no momento atual.

    É como se fosse uma espécie de retrocesso que remete o indivíduo para agir conforme a fase na qual o trauma lhe impactou.

    Os Comportamentos pós Fixação na Fase Oral para Freud

    Um indivíduo que teve fixação na fase oral quando exposto a situações que lhe tragam insegurança, provavelmente adotará comportamentos na vida adulta que envolvam a boca, que é a zona erógena desta fase, como já explicado anteriormente.

    Como exemplo podemos citar as pessoas que falam demais, o que pode até lhe render

    • uma característica positiva de ser considerada uma boa oradora, ou
    • uma característica negativa, tais quais pessoas que comem ou bebem ou fumam exageradamente, que chupam os dedos ou roem as unhas, que vivem mascando chicletes.

    Enfim, os exemplos envolvem a boca como alvo de prazer ou de descarga da sua tensão.

    Características pós Fixação na Fase Oral para Freud

    Freud ainda trouxe algumas características de personalidade que estes adultos fixados na fase oral podem possuir, como serem pessoas dependentes de outras pessoas, terem ansiedade ao se depararem sozinhas, possuírem baixa tolerância à frustração, dentre outras.

    Portanto, é importante conhecer a teoria do desenvolvimento psicossexual para compreender mais a fundo o funcionamento psíquico humano. É preciso também saber identificar as características de comportamento e personalidade da pessoa fixada em uma fase deste desenvolvimento e que enfrenta um trauma ou problema no momento atual.

    Com isso o processo de análise será mais eficiente e trará resultados positivos por meio da associação livre, permitindo que a pessoa consiga ressignificar o seu trauma e tenha uma vida com mais qualidade.

    Este artigo sobre a fase oral para Freud foi escrito por Valeska Frota, terapeuta Floral, especialista em pessoas e psicologia positiva. Atua em Salvador e em todo Brasil de forma online. Estudante de Psicanálise Clínica. Contatos: bio.site/valeskafrotaterapeuta; [email protected].

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