gatilhos da ansiedade

Gatilhos da Ansiedade: como identificar e lidar

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Hoje falaremos sobre os gatilhos da ansiedade. A ansiedade é uma emoção caracterizada por sentimentos de preocupação, medo e tensão. Para alguns, a ansiedade pode tornar-se tão intensa que causa ataques de pânico e sintomas físicos extremos, como dor no peito.

Os gatilhos da ansiedade

A ansiedade evoluiu como um alarme para nos levar a ações que salvam vidas. As partes límbicas do nosso cérebro, que são algumas das estruturas mais antigas nas profundezas do cérebro, ajudam-nos a reagir aos perigos do ambiente.

O sistema límbico ajuda a ativar o sistema nervoso simpático (SNS), o que ajuda a fazer com que o corpo e a mente reajam rapidamente quando estamos em perigo percebido – podemos escolher lutar, fugir ou congelar.

No mundo moderno, encontramos conflitos que não são necessariamente fatais, mas o nosso sistema nervoso ainda reagirá como se houvesse um perigo real, para que possamos reagir a uma variedade de estímulos com a resposta de luta, fuga ou congelamento.

Ainda sobre os gatilhos da ansiedade

Todo mundo se sente ansioso de vez em quando, e quase todo mundo já experimentou algum nível de ansiedade antes. A ansiedade é uma reação humana normal a muitas situações, especialmente em momentos de estresse. Também é normal querer se livrar completamente da ansiedade, pois é desconfortável.

No entanto, livrar-se da ansiedade pode ser contraproducente, deixando as pessoas ainda mais ansiosas.

Entendendo os Gatilhos da Ansiedade

Os gatilhos da ansiedade podem variar significativamente entre os indivíduos, e muitas pessoas podem ter vários gatilhos que provocam diferentes graus de ansiedade. Identificar gatilhos individuais por meio de métodos como registrar em diários pode ajudar a identificar as causas da ansiedade.

Discutir padrões com um profissional de saúde mental também pode fornecer informações sobre gatilhos personalizados e estratégias eficazes de enfrentamento e o psicanalista é um dos profissionais qualificados para descobrir o que está causando a ansiedade, passo importante para aprender a controlá-la.

Eventos estressantes na vida

Eventos como perda de emprego, dificuldades financeiras, problemas de relacionamento ou outras mudanças difíceis na vida podem desencadear ansiedade, causando incerteza e turbulência. Um estudo de 2009 descobriu que fatores de estresse como problemas de saúde e familiares previram aumentos na sensibilidade à ansiedade (McLaughlin & Hatzenbuehler, 2009).

Trauma

Experiências traumáticas passadas podem levar ao transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), causando ansiedade e ataques de pânico quando desencadeadas. O trauma infantil aumenta especificamente o risco de transtorno de ansiedade mais tarde na vida.

Condições médicas

Problemas crônicos de saúde, como distúrbios da tireoide, problemas cardíacos ou asma, podem piorar a ansiedade.

Medicamentos

Substâncias como cafeína, nicotina, drogas recreativas e certos medicamentos prescritos podem provocar ansiedade como efeito colateral. Um estudo de 2022 descobriu que uma dose de aproximadamente 5 xícaras de café induziu ataques de pânico em muitas pessoas com transtorno do pânico, bem como níveis mais elevados de ansiedade nesses indivíduos (Klevebrant & Frick, 2022).

Estresse crônico

Os estressores diários e as preocupações com trabalho, relacionamentos, finanças e outras questões podem sustentar altos níveis de ansiedade. Um estudo de 2017 descobriu que a exposição repetida a estressores de curto prazo pode levar a respostas desadaptativas ao estresse, aumentando o risco de transtornos de ansiedade (Patriquin & Mathew, 2017).

Genética

Ter um histórico familiar de transtornos de ansiedade aumenta o risco genético em cerca de 30% a 50% (Hettema et al. 2001).

Sono insuficiente

A falta de sono de qualidade priva o corpo da recuperação vital e do rejuvenescimento necessários para regular os níveis de ansiedade, podendo aumentá-lo significativamente.

Os gatilhos da ansiedade e o sentimentos

No setting analítico mostramos ao analisando que ter alguma ansiedade não deve ser visto como algo ameaçador. Na verdade, ter um pouco de ansiedade pode ser útil. Ter sentimentos de ansiedade pode impedir as pessoas de se envolverem em comportamentos de risco, bem como dar a alguém uma ideia sobre como se sentem em relação a determinadas situações.

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    Por exemplo, se o analisando está nervoso em ir a uma entrevista de emprego ou a um primeiro encontro, isso pode lhe dar uma indicação de que essas experiências são importantes. Se o analisando não sentir ansiedade antes do primeiro encontro, talvez não se sinta obrigado a fazer um esforço com a outra pessoa. Da mesma forma, alguma ansiedade antes de uma entrevista de emprego pode deixá-lo mais alerta e melhorar seu desempenho.

    Um outro exemplo seria a recente pandemia de COVID-19, onde mais pessoas ficaram ansiosas com a sua saúde e passaram a procurar ajuda na psicanálise, ou porque contraíram o vírus, ou porque familiares ou amigos ficaram doentes ou faleceram ou ainda por estarem perto de outras pessoas. Todas essas ansiedades são muito normais considerando as circunstâncias.

    Como ajudar o analisando a reduzir a ansiedade

    Embora todos possamos sentir-nos inclinados a querer acabar com todos os sentimentos de ansiedade, é importante lembrar que alguma ansiedade é normal e útil em determinadas situações, como já exposto acima.

    Tentar acabar com os sentimentos de ansiedade é uma forma de resistência e pode, de fato, fortalecer a ansiedade. Isso está relacionado à irônica teoria do processamento, que explica por que é tão difícil diminuir pensamentos indesejados. A teoria afirma que quando tentamos não pensar em algo, como estar ansioso, isso só nos levará a pensar mais em estar ansioso, o que leva a mais ansiedade.

    Quando tentamos não pensar em algo, uma parte da nossa mente evita o pensamento, mas outra parte “checa” de vez em quando para garantir que o pensamento não surge – ironicamente, trazendo-o à mente. Ou seja, se a única estratégia é distrair-se da ansiedade ou evitar qualquer coisa que possa desencadeá-la, é provável que que se tenha medo dela, e isso pode contribuir para o ciclo vicioso da ansiedade.

    Os gatilhos da ansiedade e a Psicanálise

    O psicanalista pode ajudar a colocar tudo em perspectiva e mostrar como desafiar pensamentos ansiosos já que muitas pessoas podem não ter consciência dos seus gatilhos e acreditam que ficaram ansiosas sem motivo.

    Técnicas em psicanálise para identificar e lidar com gatilhos de ansiedade

    Alguns dos seguintes métodos podem ser tentados no setting analítico para começar a descobrir os motivos que levam à ansiedade do analisando e ajudá-lo a compreender seus gatilhos:

    • Perguntar ao analisando, ressaltando que é útil desafiar, para entender, os pensamentos ansiosos quando eles surgirem.

    ‘Em uma escala de 1 a 100, qual é a probabilidade de que aquilo que preocupa você aconteça?’;

    ‘Você acha que tem boas razões para pensar que algo vai correr mal?’;

    ‘Existe algum perigo real aqui dentro do setting analítico na sua percepção?’;

    ‘Aconteceu alguma coisa para você ficar muito preocupado?’;

    ‘No seu entendimento, posso ajudar a colocar tudo em perspectiva e juntos desafiar seus pensamentos ansiosos?’

    ‘A ansiedade cria um excesso de energia nervosa no corpo.

    Quando você começar a se sentir particularmente ansioso ou impaciente, o que acha em redirecionar essa energia para atividades produtivas?’;

    ‘Como se sente sobre a sugestão em agendar uma pequena porção de tempo do seu dia dedicada a permitir o seu “tempo de preocupação”?

    Se os pensamentos ansiosos vierem fora desse horário, direcione sua mente gentilmente para que os pensamentos voltem no “horário programado”.’

    ‘Você pode descobrir que, quando chegar a hora da preocupação, você não estará mais tão ansioso, que não valia a pena se preocupar ou se esqueceu completamente do que o preocupava. O que acha dessa ideia, ela funcionaria para você?’.

    •  Elaborar junto com o analisando uma hierarquia de exposição à ansiedade, ajudando-o a definir uma meta daquilo que deseja alcançar, mas que atualmente o deixa ansioso demais para realizar.

    Mostrar que anotar pequenos passos podem ajudar o analisando a se expor gradualmente à situação que provoca ansiedade, começando com uma etapa mais fácil, a ser estabelecida no setting analítico e, depois, quando o analisando se sentir confortável, subir na hierarquia até o analisando se sentir confiante para alcançar seu objetivo (essa técnica pode funcionar bem para alguns tipos de sentimentos de ansiedade, como sentimentos de ansiedade social);

    • Ajudar a quebrar o ciclo da ansiedade, mostrando ao analisando que reduzir completa e imediatamente a ansiedade não é realista, mas que é possível começar a quebrar o “ciclo vicioso” da ansiedade ao dar um pequeno passo inicial.

    Começando por abordar algumas das situações pelas quais o analisando está apenas um pouco ansioso, podemos aumentar sua confiança em como lidar com a situação e começar a desafiar alguns desses medos, fazendo-o perceber que o pior cenário raramente acontecerá e que, com o tempo, o poder que essas ansiedades têm sobre o analisando diminuirá.

    Conclusão: sobre os gatilhos da ansiedade

    Freud acreditava que as pessoas poderiam ser curadas tornando conscientes seus pensamentos e motivações inconscientes, obtendo assim insights. O tratamento para a ansiedade deve concentrar-se em trazer o(s) conflito(s) reprimido(s) à consciência, onde o analisando possa lidar com ele(s).

    Somente criando o tipo certo de condições para que o analisando possa trazer esses gatilhos para a mente consciente (usando a associação livre, a interpretação (incluindo análise de sonhos), a análise de resistência e a análise de transferência) onde podem ser abordados e resolvidos, e esperando cuidadosamente até que o próprio analisando esteja prestes a obter o mesmo insight, é que o psicanalista pode maximizar o impacto da interpretação dos gatilhos que causam a ansiedade, ajudando o analisando a provocar uma grande mudança em toda a sua perspectiva de vida.

    Este texto sobre gatilhos da ansiedade foi escrito por Julieta Pedrosa (https://x.com/julieta_pedrosa e https://instagram.com/analisandose_ ). Analista em formação. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Pós-graduada em Análise e Avaliação de Projetos pela FGV. Formada em Gemologia e CAD/CAM pelo Gemological Institute of America, com diversos cursos nacionais e internacionais na área da joalheria. Ex-CEO na empresa Julie Joias Brasileiras. Professora de História da Joalheria e de Gemologia.

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