Como a infância influencia nos comportamentos e neuroses dos adultos.

Influência da Infância nas raízes do Ser Adulto

Publicado em Publicado em Psicanálise e Sociedade

Como a influencia da infância reflete na formação do indivíduo sob a ótica da psicanálise? Como essa influência se reflete nos comportamentos e neuroses dos adultos?

A psicanálise, desde sua fundação com Sigmund Freud, postula que a infância não é meramente um prelúdio para a vida adulta, mas sim o alicerce sobre o qual toda a estrutura psíquica se edifica.

As experiências, os relacionamentos e os conflitos vivenciados nos primeiros anos de vida moldam profundamente a personalidade, o comportamento, os padrões de relacionamento e até mesmo a saúde mental do indivíduo na fase adulta. Compreender essa intrínseca ligação é fundamental para a prática clínica e para uma autoconsciência mais profunda.

No cerne da teoria psicanalítica reside a ideia de que a mente humana é composta por diferentes instâncias psíquicas: o id, o ego e o superego. A infância é o período crucial para o desenvolvimento dessas instâncias e para a forma como elas interagem.

A Formação do Id

O id, presente desde o nascimento, busca a gratificação imediata de seus desejos e impulsos. O Id é a porção mais primitiva e instintiva da mente, está presente desde o nascimento, operando no nível do inconsciente, ele alberga todos os nossos desejos, impulsos e necessidades elementares, como fome, sede, sexualidade e agressividade.

Regido pelo princípio do prazer, o id busca a gratificação imediata dessas vontades, desconsiderando a realidade, as normas sociais e as possíveis consequências. Sua dinâmica exige satisfação instantânea para evitar o desprazer e alcançar o prazer.

O id constitui a fonte primária da energia psíquica (libido) e contém tanto os impulsos natais quanto os conteúdos recalcados – pensamentos, memórias e desejos considerados inaceitáveis que foram relegados ao inconsciente.

Em analogia, o id pode ser comparado a um bebê que expressa seu desconforto com o choro ao sentir fome, sem levar em conta o momento ou o lugar.

A Formação do Ego como influência da infância

O ego, emerge como um mediador essencial entre as exigências do id e as limitações impostas pelo mundo externo, se desenvolve gradualmente a partir dos dois ou três anos de idade.

As interações com o ambiente, notadamente as primeiras relações objetais estabelecidas com as figuras parentais, desempenham um papel crucial no desenvolvimento de um ego forte e resiliente.

Essa resiliência permite ao indivíduo lidar de forma eficaz com as frustrações e encontrar soluções realistas para os conflitos emocionais.

Em contrapartida, uma infância caracterizada por negligência, inconsistência ou superproteção pode resultar em um ego fragilizado, manifestando-se em dificuldades na regulação emocional e no estabelecimento de limites saudáveis na vida adulta.

A Formação do Superego

O superego, que se forma por volta dos cinco ou seis anos, representa a internalização das normas, valores e regras morais transmitidas pelos pais e pela sociedade. A maneira como a criança vivencia a autoridade, os limites e as punições influencia diretamente a rigidez ou a flexibilidade do seu superego na vida adulta.

Um superego excessivamente punitivo pode gerar sentimentos exagerados de culpa e autocrítica, ao passo que um superego frágil pode levar a comportamentos impulsivos e à dificuldade em internalizar a responsabilidade.

Experiências Emocionais influenciadas pela infância

Ademais, para além do desenvolvimento das instâncias psíquicas, a psicanálise sublinha a relevância das experiências emocionais vivenciadas na infância.

Traumas, perdas significativas, negligência afetiva, abuso físico ou psicológico podem deixar marcas profundas na psique infantil, com potencial para se manifestarem na vida adulta através de sintomas psíquicos como ansiedade, depressão, transtornos de personalidade e dificuldades na construção de vínculos afetivos saudáveis.

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    A forma como essas vivências são processadas e elaboradas pela criança, com ou sem o amparo de cuidadores sensíveis, é determinante para a sua saúde mental futura.

    Laço Parental como influência da infância

    As relações objetais primárias, ou seja, os laços estabelecidos com as figuras parentais, são consideradas pela psicanálise como modelos para todos os relacionamentos subsequentes.

    A qualidade do apego desenvolvido na infância – seja ele seguro, ansioso, evitativo ou desorganizado – influencia significativamente a capacidade do indivíduo de confiar nos outros, de expressar suas necessidades emocionais e de lidar com a intimidade e a separação na vida adulta.

    Frequentemente, padrões de relacionamento disfuncionais encontram suas raízes em experiências infantis de abandono, rejeição ou inconsistência afetiva.

    Mecanismos de Defesa e a influência da infância

    A psicanálise também destaca a importância dos mecanismos de defesa desenvolvidos na infância.

    Diante de situações de angústia ou conflito, a criança inconscientemente desenvolve estratégias para se proteger emocionalmente.

    Mecanismos como a repressão, a negação, a projeção e a identificação, quando utilizados de forma rígida e excessiva na vida adulta, podem levar a padrões de comportamento disfuncionais e a dificuldades em lidar com a realidade de forma adaptativa.

    A Visão Psicanalítica da Influência da Infância

    Em suma, a visão psicanalítica da influência da infância na vida adulta é abrangente e profunda. As experiências, os relacionamentos e os conflitos vivenciados nos primeiros anos de vida não desaparecem com o tempo, mas permanecem atuantes no inconsciente, moldando a forma como o indivíduo pensa, sente, se comporta e se relaciona.

    Compreender essa dinâmica é essencial não apenas para a prática clínica, auxiliando na identificação das raízes dos sofrimentos psíquicos e na promoção do processo de cura, mas também para uma maior autoconsciência e para a possibilidade de construir uma vida adulta mais plena e saudável.

    Ao reconhecermos as marcas da nossa infância, podemos iniciar um processo de elaboração e ressignificação, abrindo caminho para novas possibilidades de ser e de viver.

    Reconecte-se com o Seu Passado para Transformar o Seu Presente: Explore a influência da infância e abra caminho para mudanças positivas.

    Este artigo sobre a influencia da infância (ou como a infância influencia a vida adulta) foi escrito por Viviane Stenzowski – Psicanalista formada pelo IBPC. Psicoterapeuta do Puerpério Emocional – Formada pelo Instituto de Psicol. do Puerpério Emocional Ltda. Atendimento online : (41) 98864-6235.

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