Técnica Psicanalítica de Freud

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Antes de irmos direto ao cerne da questão, será primariamente contextualizada algumas informações importantes a respeito da história de Sigmund Freud com relação a técnica psicanalítica.

Venha descobrir qual é a Técnica da Psicanálise. Antes da técnica psicanalítica definitiva, Freud testou várias outras. Quais são elas, qual prevaleceu? E por que só uma técnica é recomendável aos psicanalistas, hoje?

Freud, considerado o pai da psicanálise entrou em contato com a teoria de Josef Breuer ao tratar jovens histerias com o uso da hipnose. Notou que seus problemas estavam principalmente ligados a infância e a sexualidade infantil.

As pacientes não lembravam de forma espontânea de seus traumas. Então Freud usava de hipnose para retirar essas informações. Mas, ao sair do transe as jovens, não se lembravam do que haviam dito. E muitos pacientes não podiam ser hipnotizados, por não serem tão suscetíveis. Assim, tudo isso ocasionou uma frustração em Freud, que foi buscar outro método, não dependente da hipnose ou da sugestão.

Entendendo a Técnica da Psicanálise

A Técnica da Psicanálise desde Freud é a associação livre. Na terapia, o paciente deve se expressar livremente, sem julgar se suas ideias são válidas ou absurdas, enquanto o psicanalista deve se engajar na chamada atenção flutuante, propondo análises sistemáticas mas sem direcionar ou aconselhar o paciente.

Portanto, a associação livre é a técnica definitiva da psicanálise, de Freud até hoje. Antes dessa técnica, Freud tentou duas outras, que foram abandonadas:

  • sugestão hipnótica: criada em conjunto com Jean-Martin Charcot, essa técnica consistia em colocar o paciente em estado hipnótico. Depois, sugestionar o paciente a se lembrar, ou a superar seus traumas. Freud entendeu que era pouco consistente, porque nem todos os pacientes eram hipnotizáveis. E as melhoras obtidas não eram duradouras.
  • método catártico: criado em conjunto com Josef Breuer, o método consistia em pressionar a testa do paciente com o polegar do analista, enquanto o analista tentava suscitar emoções no paciente. Também era uma técnica que envolvia sugestionar o paciente.

Na autobiografia de Freud capítulo dois e três, há relatos de sua frustração onde os pacientes não se deixavam hipnotizar e ele não conseguia realizar seu trabalho. Então, com uma de suas pacientes Freud tenta fazer a hipnose, mas a mesma não deseja e quer somente ser escutada.

Freud então deixa que sua paciente fale e no decorrer da fala é identificado por ele que ela conseguia trazer as bases do sintoma. Então, posteriormente abandonou técnicas de hipnose ou sugestão. Para isso, Freud desenvolveu o método da associação livre, trabalhando com as ideias e palavras com que as pacientes estando elas acordadas e conscientes.

Técnica de Associação Livre de ideias e palavras

Na sua fase de maturidade, Freud abandonou as técnicas de hipnose ou sugestão, seguindo somente o diálogo terapêutico não-hipnótico, que representa o método da associação livre. Esta é a técnica psicanalítica até hoje. Um psicanalista em nossos dias deve seguir somente a associação livre, isto é, não poderá optar por um dos outros dois métodos de Freud.

Na associação livre, o paciente é orientado a dizer tudo o que quiser, tudo o que lhe vier à mente. Isso deve ser feito sem nenhuma orientação prévia sobre que caminho seguir ou qual linha de raciocínio deve-se partir. Ou seja, a associação livre se desprende por parte do paciente da ética e da moral.

Apesar do nome ser associação livre, não é livre de todos os lados. É uma via unilateral onde somente o paciente verbaliza nesse intuito e o analista exerce seu trabalho analisando o paciente a todo instante, como descrito no Estudo Autobiografia de Freud (1925).

Atualmente, a técnica da psicanálise trata seus enfermos da seguinte maneira. Sem exercer nenhum outro tipo de influência, convida-os a se deitarem de costas num sofá (divã) ou se sentar em uma poltrona, comodamente, enquanto o analista conversa com o paciente, sobre assuntos livres. Ao psicanalista, cabe fazer perguntas e propor interpretações, mas não é cabível proibir assunto algum, nem emitir conselhos.

Tampouco exige que o paciente feche os olhos, bem como qualquer outro procedimento que possa fazer lembrar a hipnose. Assim a sessão prossegue como uma conversa entre duas pessoas igualmente despertas (…) (FREUD, 1904, p.234)

“A associação livre é uma maneira de fazer surgir o desejo nas representações. Essa operação é uma tarefa do analisante. A associação livre foi o dispositivo descoberto por Freud que consiste no desenrolar das cadeias significantes do sujeito, sustentado pelo amor de saber dirigido ao analista: a transferência.

Desenrolar este que permite desatar os nós do recalque do sintoma, cabendo, por sua vez, ao analista a direção da análise apontada para a construção da fantasia fundamental no intuito de fazer o sujeito atravessá-la, ou seja, ir para além desta.

Se a fantasia é uma resposta do sujeito ao enigma do sexo que representa o desejo do Outro, atravessá-la é experimentar o estado de desolação absoluta ou de desamparo – Hilflosigkeit, ou seja, a mais completa solidão e a inexistência do Outro” (Jorge A. Pimenta Filho, Carta Acf).

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    Técnica da psicanálise é usada desde o começo do tratamento

    Escreveu Freud, no texto “Sobre o Começo do Tratamento” (1913):

    “As regras técnicas que estou apresentando aqui alcancei-as por minha própria experiência, no decurso de muitos anos, após resultados pouco afortunados me haverem levado a abandonar outros métodos. Minha esperança é que a observação delas poupe aos médicos que exercem a psicanálise muito esforço desnecessário e resguarde-os contra algumas inadvertências. Devo, contudo, tornar claro que o que estou asseverando é que esta técnica é a única apropriada e correta para as necessidades da psicanálise. A introdução da técnica da associação livre foi o resultado da experiência de que os pacientes submetidos a esse procedimento apresentavam material psíquico do qual se poderia inferir a existência e a natureza de seus processos inconscientes.” (Freud)

    Dessa forma, a associação livre se estabelece como a técnica central no tratamento psicanalítico. Ela permite que os pacientes expressem seus pensamentos mais íntimos e ocultos de forma espontânea, sem a influência direta do terapeuta, o que leva a uma exploração mais profunda do inconsciente e à identificação dos conflitos e desejos reprimidos que são a base dos sintomas neuróticos.

    Freud apresenta o método de associação livre como fundamental ao método psicanalítico de Freud. Esta fase da obra de Freud coincide com sua transformação de médico para analista. Além disso, seu foco tornou-se o uso da associação livre como ponte para o inconsciente, trazendo à tona logo no inicio do método os desejos, medos, recordações, representações do paciente.

    Como o método visa que o paciente fale tudo que lhe vier a mente, sem qualquer medo, pudor, nem nada que pudesse lhe fazer alguma coisa ruim. A investigação de Freud não se daria mais por indagações ou processos hipnóticos, mas sim pela investigação da fala, o analista conduzindo através da atenção flutuante.

    A Interpretação dos sonhos e o Complexo de Édipo

    Essa obra foi concluída em 1899, mas Freud publica este livro em 1900, para essa obra representar um início de novo tempo. Assim, chegou ao mundo a obra A Interpretação dos Sonhos (Freud, 1900).

    O livro aborda o consciente, pré-consciente e inconsciente com relação aos sonhos, recordações e relatos sobre os sonhos. Seu objetivo era de conseguir acesso ao inconsciente. Dessa forma buscava-se o tratamento das doenças mentais e histeria, através da associação livre como descrito acima. A interpretação dos sonhos não é um método diferente da associação livre. Isso porque os sonhos são interpretados na terapia, usando também a associação livre. Os sonhos fornecem muitos conteúdos inconscientes, que ajudam a refletir sobre desejos, medos e simbologias do paciente. Isso enriquece a técnica da associação livre, durante o andamento da terapia.

    “Não se deve assemelhar aos sonhos aos sons desregulados que saem de um instrumento musical atingido pelo golpe de alguma força externa, e não tocada pela mão de um instrumentista; eles não são destituídos de sentido, não são absurdos; não… implicam que uma parcela de nossa reserva de representações esteja adormecida enquanto outra começa a despertar.

    Pelo contrário, são fenômenos psíquicos de inteira validade – realizações de desejos; podem ser inseridos na cadeia dos atos mentais inteligíveis da vigília; são produzidos por uma atividade mentalmente complexa”. (Freud, ED. IMAGO, 2001, p. 136).

    O que significa Complexo de Édipo?

    No mesmo livro encontra-se talvez o complexo mais conhecido de todos, o complexo de Édipo, inspirado na tragédia grega de Édipo-Rei. É um personagem da tragédia grega atribuída ao dramaturgo Sófocles. Édipo mata o seu pai sem ainda saber que é seu pai por querer estar ao lado de sua mãe, que também não sabe que é sua mãe.

    Freud exemplifica que o sonho é a realização dissimulada de um desejo inconsciente reprimido se divide de duas maneiras, são elas:

    • Conteúdo Manifesto: Sendo esse como o sonho é relatado, como o paciente conta que foi o sonho, sendo uma tentativa de maquiar o sonho, o conteúdo manifesto se dá pelo consciente.
    • Conteúdo Latente: É o sonho decodificado pelo analista através da associação livre, são as estruturas recalcadas que tentam vir à tona, sendo esse o verdadeiro sonho, estando ele no inconsciente.

    A simbologia dos sonhos

    Para Freud, os sonhos possuem uma linguagem simbólica. Isto é, um elemento narrativo (manifesto) pode estar no lugar de um elemento inconsciente (latente). Algo parecido acontece com o sintoma, em que aquilo que se torna consciente (o sintoma em si, sua dor ou incômodo) tem por trás um elemento recalcado no inconsciente conforme definido pela psicanálise.

    Assim também é o sonho: um material de contato do paciente com o objeto e o relacionamento dele com esse objeto. O mesmo sonho pode ter diferentes significados para pessoas diferentes, e o que é fundamental é o que é sentido com relação ao sonho. O manejo correto da interpretação é fundamental para compreender a mensagem dos sonhos.

    Os sonhos possuem seus significados e estão ligados aos desejos reprimidos. Podem então ter objetos que precisam ser decifrados e que aparentemente não fazem sentido nenhum em um primeiro momento.

    “Certas imagens dos sonhos têm sempre um mesmo significado. Freud fornece uma grande lista de símbolos inconscientes constituída de objetos que se referem sobretudo à sexualidade. Continentes em geral, como caixas, malas, cofres, seriam símbolos do órgão sexual feminino e objetos pontiagudos ou inseridos dentro de caixas e cavidades são geralmente símbolos do órgão sexual masculino.” (JABLONSKI)

    Técnica da Psicanálise: Associação Livre combinada com Interpretação dos sonhos

    Então, são apresentadas por Freud, as duas técnicas psicanalíticas, que por meio da transferência, para experimentação de emoções. Pois somente com a transferência é possível se ter resultados significativos, seja essa transferência positiva ou negativa.

    Bem como, ao deitar no divã ou sentar-se numa poltrona em um ambiente calmo leva a uma experiência de introspecção através da fala do paciente. Em conjunto com o analista, é possível propor uma cura pela palavra, que é a base da psicanálise. O uso das técnicas psicanalíticas são ferramentas para chegar a esse fim. Pois somente através delas é possível visto que não dá para se chegar meramente por vontade, mesmo que haja das duas partes.

    A Associação livre dará poder a palavra e fará com que o analista perceba onde existem pontos de contato. E a interpretação dos sonhos como meio de entender mais dos desejos reprimidos e conflitos que estão no inconsciente e que podem vir ao consciente através da elucidação. O trabalho da clínica por associação e os materiais inconscientes como os sonhos ajudam no trabalho de superar a censura do que ficou recalcado.

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